Criando resultados de pesquisa resilientes: usando métodos etnográficos para combater a amnésia de pesquisa

EPIC People Brasil
3 min readOct 24, 2022

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Por ANA BARBIERI

Tive o prazer de assistir uma palestra muito interessante da conferência anual da EPIC People que aconteceu no início de Outubro em Amsterdam. Três feras da Etnografia mundial: Giulia Gasperi (TRIPTK), Kristen Guth (Reddit) e Meghan MacGrath, apresentaram seus cases com o tema: “A Prática da Resiliência: o impacto etnográfico que perdura em um mundo em mudanças”.

Nos três casos fica claro que, quando o mercado em detrimento de vantagens competitivas dá preferência ao imediatismo, ao invés da construção do Ethos, de conhecimentos mais profundos e previsões estratégicas, marcas registradas de fortes insights etnográficos — podem simplesmente se perder.

A etnografia deve ser utilizada como um método resiliente, principalmente dentro de estruturas e necessidades organizacionais em mudança, pois oferecem estruturas práticas e específicas para utilizar histórias humanas contextualmente ricas não apenas para manter a etnografia resiliente, mas também a serviço de uma organização mais resiliente.

Para entender melhor esse processo, vamos usar como exemplo o case apresentado por Kristen Guth, Ph.D. Principal of Product Research do Reddit, intitulado: “Criando Resultados de Pesquisa Resilientes: usando métodos etnográficos para combater a amnésia de pesquisa.

Guth em sua palestra no EPIC PEOPLE 2022
Guth em sua palestra no EPIC PEOPLE 2022

Guth começa sua apresentação mostrando a sua definição de amnésia de pesquisa, para ela isso acontece quando os membros da equipe esquecem o conhecimento que foi desenvolvido ou, ainda, não sabem como aplicar insights em estudos sobre um tópico atual.

Em suas palavras: “organizações evoluem criando conhecimentos, e podem também aprender refletindo sobre memórias ou compartilhando entendimentos, crenças, eventos e contextos específicos. As equipes podem puxar memórias de pesquisas anteriores para enfrentar novos desafios e facilitar o aprendizado apoiando a resiliência organizacional”.

A executiva apontou os cinco fatores do porquê a amnésia de pesquisa acontece:

  1. Decisões e dados significativos não são documentados
  2. Registros são perdidos
  3. Arquivos não podem ser acessados rapidamente
  4. Mentes que são contra olhar o passado
  5. Ofuscar registros anteriores como subterfúgio

Ainda pontuou os três maiores desafios para os Pesquisadores:

  1. Manter a relevância e a profundidade da pesquisa anterior
  2. Produzir pesquisas perenes e acessíveis
  3. Usar pesquisas anteriores para aprofundar e expandir modelos de comportamentos.

Segundo Guth, uma das soluções internas encontrada para resolver as questões descritas foi criar internamente um livro de insights, destacando os seguintes pontos:

Livro de Insights. Imagem criada pela autora
Livro de Insights. Imagem criada pela autora.

Em resposta à amnésia de pesquisa temos que documentar e organizar as análises, fornecer uma narrativa, tornar as análises acessíveis a todos e socializar novas ferramentas para ações futuras. Já em relação aos impactos nos negócios, precisamos circular as pesquisas já existentes, ter conversas sobre o estado atual da empresa, sua trajetória e seus clientes, afinal, produtos que tem mais investimentos quando são estabelecidos padrões de insights.

Sabemos que, no contexto urbano de um mundo que valoriza a inovação, olhar para o passado pode não ser muito glamouroso; porém, é uma forma totalmente eficaz que pode economizar muito tempo e dinheiro, além de tornar insights de pesquisas futuras muito mais consistentes e relevantes.

Escrito por Ana Barbieri
UX Researcher, Pesquisadora, Especialista em Antropologia Urbana e voluntária da EPIC People Brasil.

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Grupo multidisciplinar que busca criar um espaço colaborativo a respeito de práticas de pesquisa, e estabelecer pontes entre o saber acadêmico e o mercado